A Formação e a Catequese
A Catequese está a serviço do primeiro anúncio
A formação abrange as dimensões humana comunitária, espiritual, intelectual, e pastoral-missionária e deve atuar de forma harmoniosa em todo o seu processo.
O Documento de Aparecida afirma que: “Missão principal da formação é ajudar os membros da Igreja a se encontrar sempre com Cristo, e assim reconhecer, acolher, interiorizar e desenvolver a experiência e os valores que constituem a própria identidade e missão cristã no mundo”. (DA 279). Ressalta ainda que “o anúncio se fundamenta no fato da presença de Cristo Ressuscitado hoje na Igreja...”, e que é pelo poder do Espírito e da Palavra que a formação adquire dinamismo permanente na ação eficaz sobre as pessoas, capacitando-as a se desenvolver ouvindo em meio às exigências da história o chamado ao serviço que devem prestar à comunidade humana e à comunidade cristã.
As várias dimensões da formação se articulam na vida da comunidade eclesial dentro do processo de evangelização integral que leva as pessoas a se encontrarem com a proposta de salvação libertadora de Jesus Cristo.
Os mais recentes documentos que se referem à Catequese apontam para alguns pontos importantes que devem ser priorizados: garantir o encontro pessoal com Jesus Cristo e o chamado à conversão; o anúncio do Querigma; tomada de consciência sobre a centralidade da Palavra de Deus na vida e missão da Igreja; opção por uma iniciação à vida cristã; implantação de processos de inspiração catecumenal; catequese permanente dirigida às famílias e às pequenas comunidades cristãs; elaboração de orientações, manuais, itinerários e abundantes subsídios para a formação de catequistas e para o desenvolvimento do catecumenato com adultos, jovens e crianças.
Algumas dificuldades também são apontadas, pois, estão presentes no dia a dia da ação catequética de hoje e que necessitam de atenção. Algumas mais prementes são: a catequese continua preocupando-se com a transmissão de conteúdos e não com a experiência de vida cristã pela qual se forma discípulos entusiasmados; pressupõe-se a existência de um povo convertido porque há expressões de piedade popular, porém não se dão passos para iniciar à plena vida cristã; em alguns setores do clero ainda não se valoriza suficientemente a prioridade pelos adultos e se enfatiza uma catequese doutrinal e não a iniciação à vida cristã; ainda não se chegou a uma adequada articulação entre Bíblia, catequese e liturgia; cresce a indiferença religiosa na sociedade atual, especialmente entre os jovens; embora persista a boa vontade dos catequistas, eles carecem de uma formação sólida e um adequado acompanhamento; alguns planos de formação propostos para catequistas não tomam em consideração os critérios apresentados para a catequese pelo magistério eclesial atual.
Temos muito a refletir sobre a Catequese e grande é o desafio para torná-la uma ação educadora da fé que leve as pessoas ao seguimento de Jesus Cristo na amplitude do mistério pascal que é centro da vida cristã.
Convém lembrar as palavras de São João Crisóstomo, citadas no Manual de Catequética do CELAM, como incentivo nessa caminhada:
“Os Apóstolos não desceram do Cenáculo, como Moisés, trazendo nas mãos tábuas de pedra; saíram levando o Espírito em seus corações e derramando por toda a parte os tesouros de sabedoria e de graça e os dons espirituais como um manancial. Foram pregar por todo o mundo como se eles mesmos fossem a lei viva, livros animados pela graça do Espírito Santo”.
Dom Manuel Parrado Carral